Diretora da Herman Miller compartilha em entrevista sua abordagem para selecionar os materiais de um ambiente e impulsionar o propósito de uma organização
Texto original de Curt Wozniak / Ilustrações por Charlie Schuck e Nastasha Felker – Herman Miller
Com o Living Office, a Herman Miller reconhece o poder que o ambiente pode oferecer para moldar as experiências das pessoas que trabalham juntas. Para entender melhor as maneiras sutis – e não tão sutis – sobre como as cores, os materiais e os acabamentos podem contribuir para o meio ambiente e aprimorar essas experiências, recorremos à diretora criativa de materiais da Herman Miller, Laura Guido-Clark.
De seu estúdio na cidade de Berkeley, Califórnia (EUA), Guido-Clark e sua equipe trabalharam com uma ampla variedade de clientes em áreas que vão desde projetos de interiores comerciais ao desenvolvimento de eletrônicos, brinquedos e jogos automotivos.
Desde 2013, a executiva está envolvida com a Herman Miller em vários projetos – incluindo uma atualização recentemente concluída de toda a oferta de materiais da marca, bem como um projeto de pesquisa em andamento sobre a relação entre as cores e a experiência humana.
Guiada por um método que ela chama de climatologia, ela possui uma abordagem “de dentro para fora” ao projetar materiais. Ao contrário da previsão de tendências tradicionais, a climatologia consiste em fazer “medir a temperatura” dos ambientes externos e internos atuais, considerando o fator emocional, político, social e econômico.
Uma vez que um desejo coletivo é captado, a paleta de cores e os materiais são desenvolvidos para explorar uma determinada sensação.
“Meus colegas e eu queremos entender a experiência humana de uma maneira muito mais holística e buscamos atingi-la do ponto de vista dos materiais”, completa.
Para trazer simplicidade e calma a um ambiente onde até cinco atividades diferentes de trabalho precisam ser auxiliadas – muitas vezes simultaneamente por diferentes membros da equipe – Guido-Clark criou essa paleta sobre tons de verde e neutros.
“Toda paleta é indicativa do ocorre ao ar livre, são sobreposições de camadas neutras e verdes muito parecidas com o que acontece na natureza”, diz.Uma releitura da combinação clássica de bronze e azul marinho, esta paleta sofisticada oferece suporte a uma gama de atividades focadas e colaborativas.
“A tensão entre as cores é adorável” diz Guido-Clark. “Há um espírito de vitalidade, mas que se conecta à natureza”, afirma.A compreensão das experiências sensoriais fornecem a base para o trabalho de Guido-Clark. Para criar uma experiência mais rica, ela incentiva os designers que trabalham com ela a fazerem camadas de materiais contrastantes – cores quentes e frias, superfícies lisas e texturizadas.
“As pessoas que usam um espaço todos os dias podem não saber por que são estimuladas a sentirem algo, mas elas sentem”, diz Guido-Clark.O que os materiais significam para você?
Eu vejo os materiais como uma expressão concreta que evoca uma resposta multissensorial. Não consigo pensar neles apenas como se fosse uma pele sem pensar também no ‘coração’. O coração disso é o que o ambiente transmite e a pele disso é a aparência visual. Mas o cerne disso é o que está o material está dizendo, o que está tentando evocar. É assim que penso os materiais. É por isso que acho tão importante.
O que isso significa para uma organização que deseja criar um Living Office?
É uma maneira verdadeira de expressar os valores de empresa através dos materiais. Sabemos que, para criar um ambiente mais humano, temos que entender a fundo os materiais e como eles afetam as pessoas – duros a suaves, neutros a coloridos, cores quentes a frias.
Os materiais, especialmente a cor deles, criam uma camada emocional dentro de um ambiente. Adoro essa estatística: a maioria das opiniões subconscientes sobre um produto ou local é formada nos primeiros 90 segundos depois de vê-lo pela primeira vez. E entre 60 e 90 por cento dessas opiniões são baseadas apenas na cor.Por falar em estatísticas, você pode compartilhar alguns dos insights da pesquisa que você e a Herman Miller realizaram?
Nossas primeiras descobertas e análises indicam uma conexão entre os materiais usados em um espaço e a capacidade desse espaço de oferecer um suporte ideal a diferentes atividades. Por exemplo, espaços para um trabalho mais individual e focado requerem uma paleta mais suave e silenciosa, enquanto espaços que são altamente interativos requerem escolhas que são mais ousadas ou mais saturadas.
À medida que esta pesquisa continua, o que mais você espera aprender?
É importante pensar nos materiais não individualmente, mas em relação ao todo. Portanto, nossos estudos são projetados para aprender sobre como os materiais podem ser combinados para fornecer um contexto para a intenção específica de uma pessoa – para dar suporte ao que ela espera realizar em um determinado ambiente.
Como o Living Office reformulou a oferta de materiais da Herman Miller?
Quero conduzir um processo de seleção de materiais por meio das sensações, não por categoria. Não quero definir, por exemplo, que precisamos de cinco texturas específicas; quero entender mais sobre o que todos nós precisamos como seres humanos – entender mais sobre o local de trabalho e as necessidades e as carências dentro dele, para assim realizar as mudanças.
Acho que quando você trabalha de trás para frente e pensa sobre quem são as pessoas, o que precisam realizar e os tipos de trabalho que estão fazendo, fica muito mais próximo para optar pelas cores, texturas e padrões que podem ajudar a facilitar isso – ao invés de ser impulsionado pelos requisitos típicos de uma categoria de material ou classe de preço. E o Living Office realmente ofereceu uma plataforma para essa abordagem.Você já tinha notado como a escolha correta das cores e materiais presente em um ambiente pode impulsionar a produtividade e humanização da sua organização? Fique ligado nas novidades em nosso blog para mais insights como esse e deixe seu comentário!