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Qual é chave para um design atemporal?

Publicado em 5 de janeiro de 2021

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Dica: tem tudo a ver com as pessoas

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Adaptação de Texto Original da Herman Miller – Escrito por Komal Sharma

É fácil prever o futuro, mas quase impossível acertar. Porém, repetidas vezes, o designer George Nelson conseguiu exatamente isso. Em 1945, George Nelson e Henry Wright criaram a Tomorrow’s House — “A Casa do Amanhã” — uma espécie de guia para construtoras progressivas.

Embora narre cada elemento da casa, com capítulos que ilustram novos conceitos em salas de estar e jantar, cozinhas e banheiros, o que se destaca hoje é a abordagem quase que intuitiva de Nelson.

Ao invés de ficarem presos à forma ou estética, por exemplo, no capítulo “Sleeping”, Nelson escreve, “Com tempo, deixe-nos olhar para o quarto, não como uma peça da casa com alguns móveis padrão, mas sim como a área em que se realiza uma grande variedade de atividades. As pessoas leem em seus quartos, se vestem neles, às vezes comem lá, muitas até fumam e por vezes escrevem. Elas podem ouvir o rádio e sem dúvida fazer amor”.

A mensagem fica evidente: a casa do amanhã deve focar na realidade vivida pelos seus residentes.

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Embora a ideia de fazer o design com base na experiência humana talvez pareça óbvia nos dias de hoje, considerando o tempo, lugar e contexto social em que Nelson trabalhava, ele parece ser especialmente previdente.

No Living Spaces de 1953, o designer de mobiliário e arquiteto relata reuniões no início da década de 40 com um “grupo de designers de vanguarda muito inibidos e jovens”, que estavam “profundamente preocupados com os problemas sociais, políticos, econômicos e estéticos do arquiteto”.

Ele faz uma observação sobre os quartos onde estas reuniões eram realizadas e escreve: “O que me interessa em retrospecto é que estas peças, embora sendo naturalmente projetadas para funcionarem como salas, foram criadas principalmente para funcionar como um manifesto. Na batalha intensa entre o modernismo e o conservadorismo… sem essas identificações, ninguém conseguiria ter dito de que lado se encontravam”.

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Em uma época em que a ideologia serviu como uma força bastante potente no avanço do design e na criação de um lugar para designers no cenário cultural e corporativo, Nelson parecia cauteloso com tais entraves. Tal ceticismo abrangente torna-se ainda mais notável quando se considera o papel de Nelson ao expor, para o público americano, o modernismo europeu da Bauhaus e de Le Corbusier algumas décadas antes nas páginas da revista Pencil Points.

Com uma tendência impressionante de se contradizer, ou de até mesmo refutar o seu passado, durante toda a sua carreira Nelson se distanciou cada vez mais do design como forma de concepção ideológica ou estética, seguindo rumo a uma visão mais orientada à solução, com base em necessidades e bom senso.

Independentemente do mau humor que possa transparecer na revista, fica claro que o objetivo de Nelson sempre foi o de defender mais empatia, para os espaços, para o ambiente, para a cultura e, por fim, para as pessoas.

Karen Stein, diretora-executiva da Fundação George Nelson, coloca isso de forma sucinta: “Ele era uma pessoa que gostava de ideias, e também era uma pessoa que gostava de coisas, mas de coisas que funcionassem. Portanto, se uma peça não fosse projetada para acomodar a vida que corresse dentro dela, então não era apropriada para o seu estado de espírito”.

George Nelson humilhou os escritores de design: um designer praticante que escrevia melhor do que qualquer um de nós. E se a escrita se destacava mais do que alguns dos seus designs individuais, isso não era sem razão, já que a sua principal conquista no design foi a qualidade do seu pensamento, em uma área em que o pensamento proveitoso é mais raro do que produtos úteis”, escreveu Ralph Caplan, no STA Design Journal em 1986.

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Ele tinha múltiplas profissões: era jornalista, arquiteto, designer industrial, diretor criativo e professor, e muitas delas ao mesmo tempo”, diz Stein com relação à personalidade polivalente de Nelson. “Ele escrevia sobre as coisas que estavam acontecendo, sobre as mudanças na forma da vida moderna, e tudo isso adentrou a sua análise referente ao mobiliário”, completa.

Essa visão panorâmica, juntamente com uma capacidade apurada de detectar problemas e uma abordagem criativa de oferecer soluções, é provavelmente a razão pela qual os designs de Nelson vêm resistindo ao tempo. As casas de hoje são menos problemáticas do que as da década de 40?

As questões que envolvem o armazenamento, a área de jantar ou o lugar onde dormimos evoluíram tanto assim? Talvez até seja o contrário: elas ficaram mais desnecessariamente complicadas ou redundantes de forma impensada, além de oferecerem uma nova clareza para as soluções centradas no homem de Nelson.

Nas décadas que se passaram desde que Nelson escreveu seus textos, suas palavras oferecem um senso similar de clareza, em última análise, revelando um ponto de vista sobre design que nunca irá sair de moda. Por quê?

Conforme dito por ele na Living Spaces, “a coisa que torna o design tão interessante é que os fatores em sua criação são tão inconsistentes e maravilhosamente humanos”.

Concorda com a visão que George Nelson tinha sobre o design? No próximo post, vamos nos aprofundar ainda mais nas histórias deste ícone do design e célebre parceiro de design da Herman Miller.

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