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Design baseado na natureza

Publicado em 23 de dezembro de 2020

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Incorpore o verde aonde quer que você trabalhe

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Texto Original da Herman Miller

Combine as métricas LEED com elementos biofílicos essenciais”, defendem alguns, “e você conseguirá uma sustentabilidade duradoura, uma construção que usa menos energia ao mesmo tempo em que energiza as pessoas que a usam”. Ao adotar técnicas comprovadas para a criação de interiores que nos conectam com os nossos instintos naturais, os arquitetos e designers podem desenvolver espaços que ajudam as pessoas a se sentirem e a trabalharem melhor.

Rosalyn Cama é presidente da Cama Inc., uma empresa de planejamento e design de interiores que está focada em projetos baseados em evidências. Quando fala para as equipes de A&D sobre o próximo desafio de projeto de construção “verde” ela gosta de contar sobre como abriu uma convenção nacional em Nova York (EUA) com uma experiência reveladora.

No meu mundo de projetos hospitalares”, diz Cama, “o objetivo primordial é a redução do estresse. Então eu falei para uma audiência de cerca de 700 designers: ‘Imagine um momento estressante recente. Se você pudesse fugir para qualquer lugar do mundo a fim de reduzir a sua ansiedade, para onde você iria?’ Depois de lhes dar um momento para refletir, eu pedi que pensassem sobre os elementos desse ambiente, as características que contribuem para a calma, a sensação de bem-estar”, completa.

Então, pedi para levantarem a mão se o lugar que imaginavam fosse um ambiente interno e construído. Nem uma única mão subiu. Todos na plateia pensaram em espaços ao ar livre. Desde então, ao longo dos últimos 13 anos, repeti o questionamento várias vezes, e 95% imaginam um espaço ao ar livre”, conta Cama.

Esses resultados não são surpresa para Betty Hase, uma colega de Cama. Hase é a líder de aplicações e conhecimento avançado da Herman Miller. Uma defensora de longa data dos projetos “biofílicos” — criar construções que “incorporam ideias de seleção de habitat, preferências ambientais e os laços psicológicos e emocionais entre pessoas e lugares” — Hase acredita que estamos prestes a conseguir sustentar a importância econômica e ambiental do design baseado na natureza. Segundo ela, imitar as características do habitat natural que os seres humanos preferem dentro das construções é o próximo passo lógico para o movimento de design verde.

Você pode projetar um edifício totalmente sustentável que atenda a todos os padrões LEED e ignora a necessidade humana profunda de contato com a natureza”, explica Hase. “O que realmente impacta é se você fizer os dois — criar espaços com eficiência energética que também incorporam características naturais que ajudam as pessoas a se sentirem confortáveis e inspiradas, realmente vivas e envolvidas nos lugares onde trabalham, aprendem e se restabelecem. E isso combate ao estresse”, completa.

O conceito de design biofílico surgiu várias décadas atrás em resposta ao livro Biophilia, do biólogo E.O. Wilson. “Biofilia” significa literalmente “amor à vida”, mas Wilson e o professor Stephen Kellert, da Universidade de Yale, expandiram a ideia para abranger as necessidades humanas básicas que evoluíram através da conexão com o mundo natural e são satisfeitas por essa conexão.

A pesquisa mostra cada vez mais que o design baseado na natureza tem o potencial de reduzir o estresse em todos os tipos de construções. Uma edição de 2011 do International Journal of Environmental Health Research compilou achados de várias disciplinas diferentes para desenvolver 12 “recomendações de contato com a natureza baseadas em evidências” específicas para “criar lugares saudáveis”. Entre elas estão:

  • Cultivar espaços de contemplação
  • Cultivar hortas medicinais
  • Permitir o acesso de animais aos ambientes internos
  • Iluminar as salas com luz natural
  • Permitir uma visão clara da paisagem ao redor
  • Exibir fotos de paisagens e arte de natureza realista

Além dos benefícios para a saúde, há indícios de que a atenção, o aprendizado e a função cognitiva podem ser melhorados por projetos baseados na natureza. Por exemplo, em um estudo recente publicado na revista Environmental Psychology com indivíduos que estavam “mentalmente cansados” depois de concluir uma tarefa cognitivamente exigente, aqueles que observaram seis minutos de “imagens restaurativas” (fotografias de paisagens naturais) tiveram tempos de reação mais rápidos, respostas mais corretas e melhor recuperação da memória geral do que aqueles que visualizaram fotografias de imagens urbanas pelo mesmo tempo.

À medida que os pesquisadores publicam mais dados concretos que ligam projetos baseados na natureza a vantagens como melhores taxas de cicatrização, melhor desempenho cognitivo e maior compreensão do aprendizado, os benefícios econômicos do design biofílico tornam-se mais fáceis de quantificar.

Em um exercício da Universidade de Yale que utilizou alguns dos efeitos comprovados do design biofílico para a economia da cidade de Nova York, os autores descobriram que “criar ambientes de trabalho biofílicos para muitos dos funcionários de escritório da cidade de Nova York resultaria em mais de US$ 470 milhões em ganhos de produtividade”, enquanto garantir que todos os alunos das escolas públicas da cidade tivessem luz natural suficiente “poderia aproveitar US$ 297 milhões em dólares desperdiçados dos contribuintes e economizar US$ 247,5 milhões em salários dos pais perdidos devido a faltas na escola”.

Em seu livro de 2012, Birthright: People and Nature in the Modern World (Direito de nascimento: as pessoas e a natureza no mundo moderno, em tradução livre), o pesquisador Stephen Kellert discorre sobre o impacto que o design baseado na natureza pode ter sobre a moral e a motivação dos trabalhadores. Mas a realidade lamentável, ele escreve, é que “em média hoje o trabalhador de escritório nos Estados Unidos e no mundo trabalha em um ambiente sem janelas… Separado dos recursos ou processos naturais”.

Essas configurações de escritório são tão estéreis que nos lembram as gaiolas dos zoológicos antigos, agora ironicamente banidas como “desumanas” para animais não humanos. No entanto, os trabalhadores dos escritórios modernos devem estar alertas, motivados e produtivos nesses inexpressivos ambientes de privação sensorial.

Em uma entrevista, Kellert observou que o design de baixo impacto, como exemplificado pelos padrões LEED, muitas vezes não aborda “a necessidade humana de se conectar à natureza e ao lugar”. Nós damos às pessoas “um computador com um bom monitor e talvez um cartaz de uma planta em vaso”, disse ele ao entrevistador, “e se é eficiente em termos energéticos, nós a chamamos de ‘Ouro’”, ironiza.

Kellert defende um novo padrão, que ele chama de “design ambiental restaurador”, que combina métricas LEED e elementos biofílicos essenciais para alcançar uma “sustentabilidade verdadeira e duradoura”. Ele sustenta que, independentemente da eficiência energética de um edifício, “se é um lugar que não cria satisfação, melhora a moral ou motiva as pessoas (quando de fato as aliena) … Quando a tecnologia de ponta que o tornou energicamente eficiente não for mais de ponta, e as pessoas não quiserem mais estar lá, elas não sustentarão aquele ambiente”, completa.

Kellert admite que há momentos em que os objetivos biofílicos entrarão em conflito com um projeto energeticamente eficiente, “mas você também deve tentar conseguir as duas coisas”, diz ele. “’É mais difícil, mas se você quer sustentabilidade, você deve pesar esses objetivos e misturá-los”, afirma.

O que achou desse alerta mais do que importante? Não podemos dissociar da sustentabilidade o aspecto humano, pois o bem-estar e a harmonia dos seres vivos com a natureza é o que vai nos conduzir para um futuro viável.

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